Ok pessoal. Este tópico originalmente fiz no barbearclassico.com no longínquo ano 2014. Na época eu não sabia que um dia ia ser artesão e faria sabões, loções e etc, nem muito menos um dia seria barbeiro, embora já não mexa nestas coisas.
Tudo isso que vou falar aqui é retirado desse livro chamado Shaving made easy e pus tudo isto à prova, e posso garantir-lhes de que é tudo tão atual quanto à época em que foi escrito. Maneiras de barbear-se há muitas, mas o intuito aqui é de descomplicar. Então espero que possa ajudar alguns colegas nem tanto melhorar a qualidade do seu escanhoado mas tornar a coisa mais simples e eficaz, embora tudo que vocês fazem e gostam, apesar de possivelmente supérfluas, não precisam abandonar; façam o que lhes façam felizes.
Aqui vou ser sucinto, e ignorar boa parte do livro que fala sobre navalhas, que é algo fora da minha compreensão, e sobre escolha e manutenção de material.
- O que é? Shaving made easy?
“Shaving made easy” na realidade é um livro. Mais precisamente, um livro da virada do século XX, de autor desconhecido, que deu entrada na biblioteca do congresso americano no longínquo ano de 1906.
Como é de domínio público, aqui está o link para a obra em PDF:
https://archive.org/details/shavingmadeeasyw0020th
Recomendo fortemente a leitura integral do livro. É pequeno, bem escrito, e eu mesmo li uma ou duas coisas que não sabia.
Dito isto, vamos ao que interessa:
(A partir deste ponto vou destacar em negrito os parágrafos que são informações repassadas diretamente sobre o livro, sendo o restante minhas impressões pessoais)
Parte I, o pré-barba:
Eu experimentei vários tipos de pré-barba; pasta (Proraso), óleos (Art of shaving), creme ( St James of London) e sabões de glicerina ( Musgo Real). Isto para não falar de alguns sabões exfoliantes e até toalha quente !
Hoje me arrisco a dizer que tudo isto é dispensável, e a toalha quente é mais para conforto do que outra coisa. Na realidade ela vai amaciar o pelo, que como veremos neste livro, está longe do ideal porque a água quente amacia não só a barba, como a pele do rosto, e isto pode causar cortes que não aconteceriam com o uso de água fria ou a temperatura ambiente.
Uma pele macia e maleável pode ser “abocanhada” entre a barra da safety razor e a lâmina, ao passo que uma pele rígida dificilmente será, e o próprio pelo da barba, é mais facilmente cortado sendo menos maleável (mais sobre isto mais adiante)
Portanto uma das grandes discussões do barbear clássico, “água quente x água fria” tem uma resposta clara neste livro: Água fria.
É claro que isto não impede o uso da água quente porque haverão sempre aqueles que preferem o uso da mesma por uma questão de conforto, ainda mais em países com temperaturas baixas, onde o uso da água da torneira normalmente fria realmente pode se tornar incômodo. Nestes casos eu recomendo um meio-termo.
A rotina pré-barbear recomendada no livro é simplesmente o uso de água na temperatura ambiente, a limpeza integral do rosto livrando-o de oleosidade e outras impurezas, uma massagem com a ponta dos dedos utilizando a própria espuma do sabão e a aplicação dela com o pincel. E só. Detalhe: a espuma só deve ser aplicada com o rosto totalmente seco, após secagem com uma toalha.
Dono de alguns produtos pré-barbear, eu fui cético quanto a isto, mas pense bem; Já vistes teu pai ou avô usando um pré-barba?
No meu caso a resposta é “não”, e posso dizer que não tenho usado nenhum deles, a não ser o sabão esfoliante que já uso regularmente de duas a três vezes na semana, no intuito de manter a superfície por onde a lâmina desliza o mais lisa possível nessa cara cheia de defeitos.
Isto não quer dizer para não usa-los. Qualquer produto que traga um pouco mais de conforto ao seu barbear é bem-vindo, mas no meu caso não tem feito falta.
Parte II, a espuma:
A espuma de barbear, seja ela oriunda de sabões, cremes, sticks ou o que for, ao contrário do que se acredita, não tem como objetivo amolecer o pelo da barba:
O cabelo humano, como sabemos, é um tubo de material duro e fibroso, revestido por uma camada de óleo segregado pelo próprio bulbo capilar. A espuma do sabão de barba tem por objetivo justamente o oposto; entrar em reação com essa oleosidade natural de maneira a anulá-la e penetrar no fio, tornando-o duro e quebradiço, de forma que ele seja uma superfície firme e resistente a ser cortada pela lâmina de barbear.
O contrário disto, usando a água quente, é portanto tornar o cabelo macio e maleável, de forma que a lâmina de barbear, ao tocá-lo, tende a deslizar por cima inteiramente ou dobrá-lo e cortar apenas longitudinalmente, requerendo mais passagens para conseguir o apurado necessário, o que causa irritação.
Portanto o uso do pincel de barba serve para trazer o cabelo, que normalmente fica a um ângulo de aproximadamente 30º do rosto o mais próximo possível a 90º, e o sabão o torna duro e quebradiço.
Parte III, o pós-barba:
(Aqui será a tradução literal de a maior parte do parágrafo I do Cáp. XV, ocultando informações menos importantes)
A maioria dos homens pensa que após ter removido a barba, não há mais nada a se fazer. Isso é um grande erro. Eles não dão a importância necessária para um tratamento apropriado da face.
Uma maneira fácil e rápida de cuidar do rosto recém-barbeado é, remover o restante da espuma na face através de uma lavagem com água fria, e então aplicar uma loção de sua preferência, que contenha agentes antissépticos como álcool ou hammamelis, bem como de tratamento da face como glicerina.
Isto é o que a maioria dos homens irão fazer. No entanto, para manter a pele com aspecto saudável, ocasionalmente o seguinte tratamento é recomendado: Lavar o rosto inteiramente da espuma e aplicar uma toalha o mais quente possível no rosto. O calor e a umidade atraem o sangue para o rosto, abrem os poros e criam uma ação saudável para a pele. A seguir aplique hammamelis e finalmente massageie inteiramente a face. Não há outro tratamento tão benéfico.
Nota: Dá trabalho mas é muito agradável fazer isto.
O que eu faço, é limpar o rosto com Thayers e algodão, para remover qualquer vestígio de espuma dos poros, antes de aplicar a loção ou bálsamo.
Considerações finais:
“Shaving made easy” chegou à minha atenção pela primeira vez ao assistir um vídeo do “Big John” no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=B87Gk3H3f20]
Sobre o uso de água fria x quente: https://www.youtube.com/watch?v=FYR-A0hu...uC3jhgt0sA
E sobre rotinas pré / pós- barbear:
https://www.youtube.com/watch?v=CKAGNK6e...uC3jhgt0sA
Outro link interessante é do blog "Art of Manliness", que sei ser do gosto de muitos aqui (eu incluso) e fala especificamente sobre isso, citando passagens sobre outros livros da época:
http://www.artofmanliness.com/2010/03/24...r-shaving/
http://www.artofmanliness.com/2010/03/24...r-shaving/
Não é para levar um livro de mais de cem anos de idade como A resposta final sobre o barbear. Algumas informações ao longo do livro são irrelevantes hoje, e outras são simplesmente bobas.
Mas isto não desmerece o principal; é um livro que ensina a maneira correta de se barbear para o homem de 100 anos atrás, e que serve até hoje, e isso mostra como nós, ao longo desse século tentamos complicar o ato de se barbear que é bastante simples, e inventamos uma série de parafernálias, algumas que ajudam, e outras são totalmente dispensáveis.
É claro que isto já é opinião pessoal. Haverá aqueles que gostem da maior quantidade de “opcionais” possíveis, de usar exclusivamente água quente, que enxaguem o rosto a cada passagem, etc, e estes estarão certos também. O certo é aquele método que te traz os melhores resultados, mas no meu caso esta foi a maneira mais simples de obtê-los. O que já saia bem feito antes, agora sai perfeito e em menos tempo, e espero que possa acontecer o mesmo com alguns de vocês depois de ler (tudo) isto.
Tudo isso que vou falar aqui é retirado desse livro chamado Shaving made easy e pus tudo isto à prova, e posso garantir-lhes de que é tudo tão atual quanto à época em que foi escrito. Maneiras de barbear-se há muitas, mas o intuito aqui é de descomplicar. Então espero que possa ajudar alguns colegas nem tanto melhorar a qualidade do seu escanhoado mas tornar a coisa mais simples e eficaz, embora tudo que vocês fazem e gostam, apesar de possivelmente supérfluas, não precisam abandonar; façam o que lhes façam felizes.
Aqui vou ser sucinto, e ignorar boa parte do livro que fala sobre navalhas, que é algo fora da minha compreensão, e sobre escolha e manutenção de material.
- O que é? Shaving made easy?
“Shaving made easy” na realidade é um livro. Mais precisamente, um livro da virada do século XX, de autor desconhecido, que deu entrada na biblioteca do congresso americano no longínquo ano de 1906.
Como é de domínio público, aqui está o link para a obra em PDF:
https://archive.org/details/shavingmadeeasyw0020th
Recomendo fortemente a leitura integral do livro. É pequeno, bem escrito, e eu mesmo li uma ou duas coisas que não sabia.
Dito isto, vamos ao que interessa:
(A partir deste ponto vou destacar em negrito os parágrafos que são informações repassadas diretamente sobre o livro, sendo o restante minhas impressões pessoais)
Parte I, o pré-barba:
Eu experimentei vários tipos de pré-barba; pasta (Proraso), óleos (Art of shaving), creme ( St James of London) e sabões de glicerina ( Musgo Real). Isto para não falar de alguns sabões exfoliantes e até toalha quente !
Hoje me arrisco a dizer que tudo isto é dispensável, e a toalha quente é mais para conforto do que outra coisa. Na realidade ela vai amaciar o pelo, que como veremos neste livro, está longe do ideal porque a água quente amacia não só a barba, como a pele do rosto, e isto pode causar cortes que não aconteceriam com o uso de água fria ou a temperatura ambiente.
Uma pele macia e maleável pode ser “abocanhada” entre a barra da safety razor e a lâmina, ao passo que uma pele rígida dificilmente será, e o próprio pelo da barba, é mais facilmente cortado sendo menos maleável (mais sobre isto mais adiante)
Portanto uma das grandes discussões do barbear clássico, “água quente x água fria” tem uma resposta clara neste livro: Água fria.
É claro que isto não impede o uso da água quente porque haverão sempre aqueles que preferem o uso da mesma por uma questão de conforto, ainda mais em países com temperaturas baixas, onde o uso da água da torneira normalmente fria realmente pode se tornar incômodo. Nestes casos eu recomendo um meio-termo.
A rotina pré-barbear recomendada no livro é simplesmente o uso de água na temperatura ambiente, a limpeza integral do rosto livrando-o de oleosidade e outras impurezas, uma massagem com a ponta dos dedos utilizando a própria espuma do sabão e a aplicação dela com o pincel. E só. Detalhe: a espuma só deve ser aplicada com o rosto totalmente seco, após secagem com uma toalha.
Dono de alguns produtos pré-barbear, eu fui cético quanto a isto, mas pense bem; Já vistes teu pai ou avô usando um pré-barba?
No meu caso a resposta é “não”, e posso dizer que não tenho usado nenhum deles, a não ser o sabão esfoliante que já uso regularmente de duas a três vezes na semana, no intuito de manter a superfície por onde a lâmina desliza o mais lisa possível nessa cara cheia de defeitos.
Isto não quer dizer para não usa-los. Qualquer produto que traga um pouco mais de conforto ao seu barbear é bem-vindo, mas no meu caso não tem feito falta.
Parte II, a espuma:
A espuma de barbear, seja ela oriunda de sabões, cremes, sticks ou o que for, ao contrário do que se acredita, não tem como objetivo amolecer o pelo da barba:
O cabelo humano, como sabemos, é um tubo de material duro e fibroso, revestido por uma camada de óleo segregado pelo próprio bulbo capilar. A espuma do sabão de barba tem por objetivo justamente o oposto; entrar em reação com essa oleosidade natural de maneira a anulá-la e penetrar no fio, tornando-o duro e quebradiço, de forma que ele seja uma superfície firme e resistente a ser cortada pela lâmina de barbear.
O contrário disto, usando a água quente, é portanto tornar o cabelo macio e maleável, de forma que a lâmina de barbear, ao tocá-lo, tende a deslizar por cima inteiramente ou dobrá-lo e cortar apenas longitudinalmente, requerendo mais passagens para conseguir o apurado necessário, o que causa irritação.
Portanto o uso do pincel de barba serve para trazer o cabelo, que normalmente fica a um ângulo de aproximadamente 30º do rosto o mais próximo possível a 90º, e o sabão o torna duro e quebradiço.
Parte III, o pós-barba:
(Aqui será a tradução literal de a maior parte do parágrafo I do Cáp. XV, ocultando informações menos importantes)
A maioria dos homens pensa que após ter removido a barba, não há mais nada a se fazer. Isso é um grande erro. Eles não dão a importância necessária para um tratamento apropriado da face.
Uma maneira fácil e rápida de cuidar do rosto recém-barbeado é, remover o restante da espuma na face através de uma lavagem com água fria, e então aplicar uma loção de sua preferência, que contenha agentes antissépticos como álcool ou hammamelis, bem como de tratamento da face como glicerina.
Isto é o que a maioria dos homens irão fazer. No entanto, para manter a pele com aspecto saudável, ocasionalmente o seguinte tratamento é recomendado: Lavar o rosto inteiramente da espuma e aplicar uma toalha o mais quente possível no rosto. O calor e a umidade atraem o sangue para o rosto, abrem os poros e criam uma ação saudável para a pele. A seguir aplique hammamelis e finalmente massageie inteiramente a face. Não há outro tratamento tão benéfico.
Nota: Dá trabalho mas é muito agradável fazer isto.
O que eu faço, é limpar o rosto com Thayers e algodão, para remover qualquer vestígio de espuma dos poros, antes de aplicar a loção ou bálsamo.
Considerações finais:
“Shaving made easy” chegou à minha atenção pela primeira vez ao assistir um vídeo do “Big John” no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=B87Gk3H3f20]
Sobre o uso de água fria x quente: https://www.youtube.com/watch?v=FYR-A0hu...uC3jhgt0sA
E sobre rotinas pré / pós- barbear:
https://www.youtube.com/watch?v=CKAGNK6e...uC3jhgt0sA
Outro link interessante é do blog "Art of Manliness", que sei ser do gosto de muitos aqui (eu incluso) e fala especificamente sobre isso, citando passagens sobre outros livros da época:
http://www.artofmanliness.com/2010/03/24...r-shaving/
http://www.artofmanliness.com/2010/03/24...r-shaving/
Não é para levar um livro de mais de cem anos de idade como A resposta final sobre o barbear. Algumas informações ao longo do livro são irrelevantes hoje, e outras são simplesmente bobas.
Mas isto não desmerece o principal; é um livro que ensina a maneira correta de se barbear para o homem de 100 anos atrás, e que serve até hoje, e isso mostra como nós, ao longo desse século tentamos complicar o ato de se barbear que é bastante simples, e inventamos uma série de parafernálias, algumas que ajudam, e outras são totalmente dispensáveis.
É claro que isto já é opinião pessoal. Haverá aqueles que gostem da maior quantidade de “opcionais” possíveis, de usar exclusivamente água quente, que enxaguem o rosto a cada passagem, etc, e estes estarão certos também. O certo é aquele método que te traz os melhores resultados, mas no meu caso esta foi a maneira mais simples de obtê-los. O que já saia bem feito antes, agora sai perfeito e em menos tempo, e espero que possa acontecer o mesmo com alguns de vocês depois de ler (tudo) isto.